quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A juventude de um Mestre chamado João Calvino

Por Danilo Bastos de Albuquerque
Muito se tem escrito sobre a vida e obra de grandes personagens que viveram e influenciaram seu tempo e os nossos dias. João Calvino é um destes. Amado por muitos em virtude de ensinos e influência, odiado por outros por sua severidade nas questões doutrinarias. Era do o meu grado escrever sobre sua infância e vida ainda na cidade de Noyon na França, porém não há muitos dados sobre esta fase de sua vida, isto devido ao próprio Calvino ser muito resguardado em suas questões particulares, mas mesmo assim tentarei no decorrer deste artigo, mostrar algumas das influências, que este grande gênio teve desde a sua adolescência até sua formação e graduação como doutor em Direito.
Gérard Cauvin, este é um nome que jamais seria citado por historiadores e amantes da História, se no dia 10 de julho de 1509 este não se tornasse o pai de Calvino e um dos principais responsáveis do brilhante futuro que seu filho teria. Sem a sua educação rígida e seu esforço de dar-lhe o melhor, Calvino talvez não fosse o grande mestre do seu tempo. Gérard no inicio do século XVI. Vivia em Noyon na região da Picardia, França. Casado, pai de dois filhos, residindo em uma das principais praças da cidade. Profissionalmente era procurador da catedral, secretário do bispo, advogado com muitos clientes importantes, apesar de não possuir diploma.  Em virtude de seu trabalho e prestígio conseguiu um benefício eclesiástico, uma espécie de bolsa de extensão, para seu filho mais velho Carlos que após alguns anos passaria ao jovem João. Acreditasse que o pai de Calvino aspirava fazer de seu filho um clérigo, padre, já que estes benefícios eram dados normalmente para jovens com vocação ministerial, Teodoro Beza, um dos biógrafos de Calvino, afirma que mesmo sem ser ordenado como padre, devido a sua pouca idade (nesta época ele tinha 12), ele pregou alguns sermões em sua cidade natal.
    Em virtude da influência do seu pai e ao benefício eclesiástico que recebera por parte do bispo, Calvino pôde estudar na melhor instituição de sua cidade, a escola dos Capetos, que era assim chamada pelo capuz que seus alunos usavam. Foi nesta escola que Calvino conheceu a família de Adriano Hangest, família esta que ele logo começaria a frequentar a sua casa, onde ele aprendeu as normas de etiquetas, que no futuro usaria quando estivesse em Paris e outros grandes centro de sua época. Com o passar dos anos, a escola do Capeto já não atendia as necessidades educacionais de Calvino e seus amigos, os sobrinhos do bispo, que logo seguiriam para Paris sob a guarda de um mesmo tutor. Agora ele tinha 14 anos, e de inicio ficou hospedado com um tio, o senhor Jacó Cauvin, de quem não se tem muitas informações.
Já em Paris, Calvino foi para o colégio de La Manche onde foi aluno de Cordier, que seus biógrafos afirmam ser o responsável pelo seu francês e latim primorosos. Mas este período foi de pouca duração visto que o seu pai, junto com o Bispo, logo o transferiria para a escola de Montaigu, onde receberia a melhor educação para um clérigo, e também era o mais provável, visto que, ele ainda recebia o benefício da parte do bispo. Segundo Penning: “Cordier representava o progresso, a primavera, a delicadeza; Montaigu era o inverno, o velho método, o estreito conservadorismo, o chicote”. Independente desta afirmação é verdade que a disciplina era extrema e a higiene da nova escola era péssima. No período que Calvino estava na escola, o diretor responsável pela instituição era o “severo” Noel Beda. Ali, em Montaigu, Calvino aprendeu a raciocinar e coordenar seus pensamentos com a excelência dos argumentos, e se formou em 1528, aos 19 anos em artes, como um dos melhores alunos de sua época, confirmando assim a sua fama de ótimo aluno, que trazia desde Noyon, com qualificações para estudar direito nas principais escolas de seu tempo, fosse em Orleans ou Bourges.
Neste momento de sua vida Calvino já não era, mas um católico assíduo frequentador da igreja, e nem tampouco o forte líder, que muitas vezes fora chamado de intransigente, por suas posições em relação à doutrina bíblica, em detrimento as inovações ou tradições impostas como verdade doutrinaria do Catolicismo Romano de sua época. Neste período de sua vida o que podemos afirmar sem duvidas, é que o relacionamento do seu pai com a igreja não era mais o mesmo de outrora, visto que, conduzira o filho a estudar direito em Orleans com o professor, Pierre de L’esttoile, “rei da jurisprudência” como o chamava Penning. É neste momento de sua vida que lhe é apresentado a aquele que seria o seu professor de grego e amigo, Wolmar. Calvino não conclui o seu curso de direito, todavia a Academia lhe confere o titulo de doutor por unanimidade devido aos serviços ali prestados. Segundo alguns de seus biógrafos ele não aceitou o titulo, porém Beza acredita que sim.
Após a conclusão de seus estudos Calvino decide por estudar a bíblia a partir dos originais e inicia uma “peregrinação” que culmina com sua chegada em Genebra para onde foi a convite de um homem que se tornaria o amigo de toda sua vida, Guilherme Farel. E onde sua luz mais brilhou, tornando-se um dos maiores líderes do protestantismo, e de onde ele escreveu boa parte da sua obra prima, As Institutas da fé Cristã, que logo se tornaria obra norteadora para seus seguidores. Também foi em Genebra que ele se tornou para muitos um Mestre.
Este é apenas um breve comentário da vida daquele que se tornaria uma das principais mentes da Reforma Protestante, de como foi sua formação básica antes de estudar direito, sob a orientação do seu pai, e se converter aos pensamentos reformistas de sua época, tornando-se como muitos afirmam, o Consolidador da Reforma Protestante do século XVI.
Referência:
FERREIRA, Wilson Castro, João Calvino: Vida, Influência e Teologia, 1985, LCP, campinas - São Paulo.

3 comentários:

  1. O artigo é muito rico, por abordar um assunto que muitas pessoas tem conhecimento, mas poucas conhecem estes principios e detalhes da vida de Calvino. Homem influente em sua época e que até hoje tem seu valor reconhecido e um legado extremamente importante para a Teologia, História e outras áreas relacionadas.

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  2. Artigo riquíssimo,palavras bem colocadas.
    Calvino grande homem.

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  3. Danilo
    Seu texto é bastante informativo, faltou porém a subjetividade(o pessoal)em relação a história do personagem. Acredito que você quis criar no leitor uma expectativa em relação a este homem, faltou argumentar neste sentido. Continue escrevendo
    Um abraço!
    Professora Ecia Mônica

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