terça-feira, 29 de março de 2011

SÃO TOMÁS DE AQUINO

Para entender Tomás de Aquino e sua obra, antes se faz necessário entender Aristóteles. Porque no Século XIII, o mundo cristão encontrava-se ante o enorme problema de enfrentar as idéias de Aristóteles, com sua filosofia profunda e pressupostos não-cristãos. Sem esquecer-se de entender também que, na idade média, a Igreja atuava em todos os níveis da vida social, estabelecendo normas, orientando comportamentos e imprimindo seus valores teológicos.
A filosofia de Aristóteles é uma metafísica, pensada em grego, que fala de Deus e diz sobre ele coisas extremamente agudas e interessantes; fala do mundo e do movimento, e da razão deles de uma forma até então desconhecida. Mas esse Deus de Aristóteles não é o Deus cristão, não é o criador, não tem três pessoas, sua relação com o mundo é outra, pois não saiu das mãos- de Deus.
Na física aristotélica o mundo é eterno e incriado. Deus é o motor imóvel do universo, o “Pensamento que se pensa a si mesmo” e nada cria movendo o mundo como causa final, sem conhecê-lo. A alma, por sua vez, não é mais do que forma do corpo organizado, devendo nascer e morrer com ele sem ter nenhuma destinação sobrenatural. Desta forma, a filosofia aristotélica ignorava totalmente as noções de alma imortal, queda e redenção do homem, todas fundamentais à doutrina cristã.
Como agravante, para a resistência às idéias de Aristóteles, existia o fato de que foram os árabes infiéis os responsáveis pela preservação e difusão do seu pensamento. Não fossem estes filósofos, como Avicena e Averróis, a obra de Aristóteles teria desaparecido.
Apesar de distantes dos dogmas cristãos, a filosofia de Aristóteles cada vez mais entusiasmava os dialéticos (como eram chamados os professores de filosofia), que se esforçavam para adaptar o pensamento aristotélico à revelação bíblica. Em vista deste entusiasmo, medidas rigorosas forma tomadas pelo clero para proibir a difusão das idéias de Aristóteles. Mas as proibições sempre caiam no vazio.
Era preciso agir e incorporar a filosofia de Aristóteles ao sistema ideológico da idade média, adaptando-a ao pensamento cristão. Mas como aplicar o pensamento de Aristóteles a temas muito diferentes daqueles para os quais foram pensados? Como aplicá-lo aos problemas da idade média? A escolástica, que é a íntima união da teologia e da filosofia, não podia renunciar nem ignorar Aristóteles.
Teve início a cristianização da filosofia aristotélica. Foi este o extraordinário trabalho, realizado pelo teólogo e filósofo cristão mais respeitado da idade média, o dominicano Tomás de Aquino. Foi graças ao seu espírito analítico, sua habilidade dialética e sua ordenação metódica que Tomás de Aquino criou um novo conceito, segundo o qual a RAZÃO não se opõe à FÉ. Conceito este, baseado nos princípios doutrinários de Aristóteles e na revelação divina.
Tomás de Aquino alterou e reinterpretou aspectos fundamentais do pensamento aristotélico, para conciliá-lo com os dogmas do cristianismo, como o da criação do mundo por Deus, a providência divina, a sobrevivência da alma individual, o dogma da trindade, etc. Além disso, ele conservou e aprofundou outras teses do filósofo grego, como a do ATO e POTÊNCIA, que passa a ser um dos alicerces de sua construção filosófica. A assimilação do pensamento de Aristóteles permitiu a Tomás de Aquino mostrar que a RAZÃO, dádiva de Deus ao homem, não se choca necessariamente com a FÉ; se bem utilizada, só pode conduzir à verdade, cabendo à REVELAÇÃO DIVINA orientar e complementar a RAZÃO.
Para Tomás de Aquino a revelação é critério de verdade. No caso de uma contradição entre a revelação e a filosofia, o erro nunca pode estar na primeira; portanto, o desacordo entre uma doutrina filosófica e um dogma revelado é um indício de que a primeira é falsa, de que a razão se extraviou e não chegou à verdade, motivo pelo qual se choca com ela.
Como os gregos, Tomás de Aquino acreditava que a origem da filosofia é o assombro; o afã de conhecer só se aquieta quando se conhecem as coisas em suas causas. Para Tomás, Deus é a causa primeira e só o conhecimento de Deus pode bastar para a mente humana e satisfazer a filosofia.
Tomás de Aquino demonstra a existência de Deus de cinco maneiras, que são as famosas cinco vias: 1ª. Pelo Movimento – existe o movimento; tudo o que se move é movido por outro motor; se esse motor se move, necessitará por sua vez de outro, e assim ao infinito; isso é impossível, porque não haverá nenhum motor se não houver um primeiro, e este é Deus. 2ª. Pela causa eficiente – há uma série de causas eficientes: tem de haver uma primeira causa, porque, caso contrário, não haveria nenhum efeito, e essa causa primeira é Deus. 3ª. Pelo possível e pelo necessário – a geração e a corrupção mostram que existem entes que podem ser ou na ser; esses entes alguma vez não foram, e teria havido um tempo em que não havia nada, e nada teria chegado a ser; tem de haver um ente necessário por si mesmo, e este se chama Deus. 4ª. Pelos graus de perfeição – há diversos graus de todas as perfeições, que se aproximam mais ou menos das perfeições absolutas e por isso são graus delas; há, portanto, um ente que é sumamente perfeito, e é o ente sumo; este ente é a causa de toda a perfeição e de todo o ser, e se chama Deus. 5ª. Pelo governo do mundo – os entes inteligentes tendem a um fim e a uma ordem, não por acaso, mas pela inteligência que os dirige; há um ente inteligente que ordena a natureza e a impulsiona para seu fim, e esse ente é Deus. A idéia fundamental é que Deus, invisível e infinito, é demonstrável por seus efeitos visíveis e finitos. Sabe-se, portanto, que Deus é, mas não o que é. Deus é causa do mundo num duplo sentido: é causa eficiente e causa exemplar; por outro lado, é causa final, pois todos os fins se endereçam a Deus.
Tomás, em conformidade com a psicologia aristotélica, interpreta a alma como forma substancial do corpo humano, primeiro princípio de sua vida. A alma é quem faz com que o corpo seja corpo, ou seja, corpo vivo. Existem tantas almas ou formas substanciais quantos corpos humanos. Tomás nega, que o corpo e alma sejam substâncias completas, de modo que a alma daria ao corpo a vida, mas não a corporeidade; a união da alma com o corpo é uma união substancial; ou seja, a alma e o corpo, unidos formam a substância completa e única que é o homem, sem intervenção de nenhuma outra forma. A alma humana é incorruptível e imortal; sua imaterialidade e simplicidade tornam impossível sua decomposição ou corrupção. Sendo imortal, a alma humana só poderia perecer se Deus a aniquilasse.
A moral, para Tomás de Aquino, é um movimento da criatura racional na direção de Deus. Esse movimento tem como fim a bem-aventurança, que consiste na visão imediata de Deus. Portanto, o fim último do homem é Deus, que ele alcança pelo conhecimento, pela contemplação; a ética de Tomás de Aquino tem um claro matiz intelectualista.
A filosofia do Estado de Tomás de Aquino está subordinada à Política de Aristóteles. O homem é por natureza um animal social ou político, e a sociedade existe para o indivíduo, e não o inverso. O poder deriva de Deus. Tomás estuda os possíveis tipos de governo e considera o melhor a monarquia moderada por uma ampla participação do povo, e o pior, a tirania. Em todo o caso, a autoridade superior é a da Igreja.
Tomás de Aquino adotou também a visão que Aristóteles tinha da mulher. Para Aristóteles, a mulher era uma espécie de homem inacabado e acreditava que os filhos herdavam apenas as características do pai, pois para ele, a mulher era passiva e receptora, ao passo que o homem era ativo e criativo. Para Tomás de Aquino, a visão de Aristóteles estava de acordo com as palavras da Bíblia, segundo as quais a mulher teria sido feita a partir da costela do homem. Mas, para Tomás a mulher só era inferior ao homem enquanto ser natural. Para ele, a alma da mulher tinha o mesmo valor que a do homem. Para ele, no céu existe a plena igualdade de direitos entre os sexos, pela simples razão de que, abandonado o corpo, deixam de existir quaisquer diferenças físicas entre os sexos.
As obras de São Tomás de Aquino são muito numerosas: algumas com teor estritamente dogmático ou jurídico, outras com tratados breves de filosofia e teologia, outras ainda versando sobre tratados teológicos. Mas sua obra mais importante, a grande exposição sistemática do seu pensamento e também de toda a Escolástica foi a Suma Teológica.
Tomás de Aquino nasceu, por volta de 1225, no castelo de Roccasecca, no sul da Itália e faleceu em 1274, no mosteiro de Fossanova. Foi canonizado em 1323, pelo Papa João XXII e, em 1567, declarado Doutor da Igreja, título limitado aos máximos expoentes do saber e da santidade, por Pio V.

Cláudio Ataíde

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Deus criou tudo?

Alemanha – Inicio do século 20

Durante uma conferência com vários universitários, um professor da Universidade de Berlim desafiou seus alunos com esta pergunta:
“Deus criou tudo o que existe?"

Um aluno respondeu com grande certeza:
-Sim, Ele criou!

-Deus criou tudo?
Perguntou novamente o professor.

-Sim senhor, respondeu o jovem.

O professor indagou:
-Se Deus criou tudo, então Deus fez o mal? Pois o mal existe, e partindo do preceito de que nossas obras são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau?

O jovem ficou calado diante de tal resposta e o professor, feliz, se regozijava de ter provado mais uma vez que a fé era uma perda de tempo.

Outro estudante levantou a mão e disse:
-Posso fazer uma pergunta, professor?
-Lógico, foi a resposta do professor.

O jovem ficou de pé e perguntou:
-Professor, o frio existe?
-Que pergunta é essa? Lógico que existe, ou por acaso você nunca sentiu frio?
Com uma certa imponência rapaz respondeu:
-De fato, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é a ausência de calor. Todo corpo ou objeto é suscetível de estudo quando possui ou transmite energia, o calor é o que faz com que este corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Nós criamos essa definição para descrever como nos sentimos se não temos calor.

-E, existe a escuridão? Continuou o estudante.
O professor respondeu temendo a continuação do estudante: Existe!

O estudante respondeu:
-Novamente comete um erro, senhor, a escuridão também não existe. A escuridão na realidade é a ausência de luz. A luz pode-se estudar, a escuridão não! Até existe o prisma de Nichols para decompor a luz branca nas várias cores de que está composta, com suas diferentes longitudes de ondas. A escuridão não!

Continuou:
-Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde termina o raio de luz.
Como pode saber quão escuro está um espaço determinado? Com base na quantidade de luz presente nesse espaço, não é assim?! Escuridão é uma definição que o homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz presente.

Finalmente, o jovem perguntou ao professor:
-Senhor, o mal existe?

Certo de que para esta questão o aluno não teria explicação, professor respondeu:
-Claro que sim! Lógico que existe. Como disse desde o começo, vemos estupros, crimes e violência no mundo todo, essas coisas são do mal!

Com um sorriso no rosto o estudante respondeu:
-O mal não existe, senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência do bem, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a ausência de Deus. Deus não criou o mal. Não é como a fé ou como o amor, que existem como existem o calor e a luz. O mal é o resultado da humanidade não ter Deus presente em seus corações. É como acontece com o frio quando não há calor, ou a escuridão quando não há luz.

Por volta dos anos 1900, este jovem foi aplaudido de pé, e o professor apenas balançou a cabeça
permanecendo calado… Imediatamente o diretor dirigiu-se àquele jovem e perguntou qual era seu nome?

E ele respondeu:

ALBERT EINSTEIN, senhor!



fonte: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=109883730